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Tecnologias auxiliam após desastres naturais

25 abr 2023 Tecnologia de Segurança

Com o aumento na frequência de eventos causados por chuvas, conforme relatório da ONU, inovações tecnológicas podem fazer a diferença no apoio aos atingidos pelos desastres

Um relatório divulgado pela ONU em 2021 apontou que, entre os desastres naturais mais registrados na América do Sul nos últimos 50 anos, as enchentes são as mais frequentes, ocorrendo em 59% dos casos. O mesmo estudo revelou ainda que os desastres naturais se tornaram cinco vezes mais constantes e intensos entre 1970 e 2019. 

No Brasil, de outubro de 2021 até fevereiro de 2023, foram registrados 11 desastres naturais causados por temporais. Quase 600 pessoas morreram em enchentes ou deslizamentos de terra nesse período. Os dados são do Cemaden, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que mapeia e monitora as áreas de risco para ocorrências de desastres ambientais (causados por chuvas ou secas). Atualmente, são mais de 40 mil áreas mapeadas, onde vivem cerca de 10 milhões de brasileiros.

Embora o impacto dos desastres causados por fenômenos naturais seja em parte decorrente de eventos meteorológicos extremos, que aumentam em decorrência das mudanças climáticas, há também os efeitos sociais, causados pela vulnerabilidade e exposição das pessoas em locais de risco. O estudo ‘Desastres Naturais na América Latina e Caribe’, publicado pela ONU em 2020, mostra o Brasil entre os 15 países com maior população exposta ao risco de inundações.

Não bastasse o impacto social, há ainda o reflexo financeiro. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), nos últimos dez anos, os desastres naturais causaram R$ 401,3 bilhões em prejuízos ao país. 

Esse cenário traz o alerta para a necessidade de acelerar o desenvolvimento de soluções capazes de permitir uma atuação preventiva e corretiva de maneira mais rápida e eficaz, reduzindo os riscos para tantas vidas e aumentando a velocidade e efetividade nas buscas e salvamentos quando os desastres acontecem.

Algumas tecnologias, que já existem e são aplicadas com êxito em outras frentes, foram adaptadas para a utilização em desastres. Um exemplo é o drone. Não é de hoje que ouvimos falar de suas aplicações em diversos serviços: mapeamento de áreas agrícolas, entrega de mercadorias, segurança eletrônica em locais distantes ou isolados, etc. Mas, sua utilização também é possível em cenários de desastres ambientais.

Em casos de tempestades, com a ocorrência de enchentes e deslizamentos de terras, os drones podem auxiliar com a entrega de mantimentos e medicamentos e ainda são capazes de identificar locais com possíveis sobreviventes. Os drones podem fazer varreduras em locais pré-determinados, aos quais não seria possível o acesso de pessoas ou outros veículos, medindo, monitorando e enviando dados em tempo real. Podem também mapear pontos de interesse, conseguindo identificar, graças a sensores infravermelhos e recursos de inteligência artificial, vítimas que estão isoladas ou necessitando de ajuda.

Outra aplicação dos drones é no monitoramento de possíveis situações de risco, acompanhando locais que possam representar perigo, como encostas, barragens, construções ou até mesmo mapeando o ecossistema para estudos de prevenção de desastres.

No desastre ambiental de Mariana, em 2015, os drones foram utilizados como apoio às forças de resgate, sendo aplicados para reconhecer pontos sensíveis onde os socorristas não conseguiam chegar devido à instabilidade do solo.

Brasil é segundo maior mercado de drones das Américas

Um estudo da Drone Insights Industry, empresa alemã especialista no setor, apontou que o mercado mundial de drones deve atingir mais de US$ 41 bilhões em 2026. Revelou ainda que o Brasil é o segundo mercado mais relevante das Américas nesse segmento, ficando atrás apenas dos EUA.

Números da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) mostram que a quantidade de drones no Brasil cresceu quatro vezes de 2017 a 2022. Tais dados vão ao encontro das informações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), que mostram que, entre 2017 e 2022, o aumento no número de operações com drones homologados chegou a 1474%. O crescimento no ano passado, em comparação a 2021, foi de 27,8%.

Reduzindo a proporção dos desastres

É muito difícil evitar um desastre natural iminente, mas há algumas inovações que podem reduzir os impactos e aumentar as chances de encontrar sobreviventes.

A tecnologia Flood Forecasting é um exemplo. Ela está sendo desenvolvida pelo Google desde 2019, em parceria com governo e universidades da Índia, e atua prevendo locais de inundação, em casos de tempestades, mapeando e mostrando quais serão atingidos pelas cheias, calculando até mesmo a velocidade de elevação do nível de um rio e o fluxo da água. Para conseguir esses resultados, o sistema usa uma combinação de Inteligência Artificial, aprendizado de máquina e satélites meteorológicos.

Outro exemplo é um dispositivo desenvolvido pela NASA, agência espacial americana. O Finder é do tamanho de uma bagagem de mão e é capaz de detectar batimentos cardíacos de seres humanos sob 9 metros de escombros, lama ou detritos. Ele ficou conhecido em 2015, quando foi utilizado no terremoto que atingiu o Nepal.

Inovações tecnológicas e pesquisas podem contribuir imensamente para a melhoria de sistemas de alerta e antecipação de desastres, mas principalmente para ajudar as vítimas, tornando os resgates mais efetivos. Em 2022, as fatalidades devido a desastres naturais no Brasil ultrapassaram 450 pessoas, segundo dados da CNM. Recentemente, mais de 60 pessoas foram vítimas das fortes chuvas no litoral norte de São Paulo, de acordo com dados da Defesa Civil. Esse cenário evidencia a necessidade da aceleração no desenvolvimento de tecnologias que possam auxiliar na prevenção e no suporte em situações de desastres naturais.

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