Não só do condutor, como também de outros passageiros do veículo. Mas, esta matéria especial também apresenta os recursos que estão disponíveis hoje – com destaque para a tecnologia –, os objetivos, benefícios e as tendências.
O motorista é um dos principais pontos de contato das empresas com seus clientes, levando mercadorias e serviços, e criando um relacionamento de longo prazo. Mas, em muitos casos, ele ainda não recebe o investimento adequado em tecnologia e treinamentos, o que faz com que não performe em sua plenitude. Dessa forma, o investimento nos motoristas é uma das maiores oportunidades atualmente.
Inovações na tecnologia ganham cada vez mais destaque e novas ferramentas nascem para aperfeiçoar as condições de segurança e oferecer dados que orientem melhor os motoristas na conduta correta de direção.
“Atualmente, o mercado conta com inovações como videotelemetria e suas integrações, como ERP, ponto eletrônico, cartão combustível etc. Porém, ainda é necessário que as empresas invistam na digitalização das operações. O Índice de Produtividade Tecnológica (IPT), desenvolvido pela TOTVS em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas, mostrou que no setor de logística apenas 15% dos prestadores de serviços logísticos e 6% dos embarcadores exploram um melhor potencial da tecnologia.
A Cobli investe em tecnologias que digitalizam o dia a dia do motorista, como recebimento de rotas, checklists e provas de conclusão, trazendo mais velocidade, autonomia e acurácia para seu trabalho. Para a segurança, a inteligência artificial da Cobli Cam identifica comportamentos de risco, como direção ao celular ou sono, e emite alertas instantâneos na cabine para que o condutor adote uma condução mais segura.”
Portanto – continua Rodrigo Mourad, cofundador e presidente da Cobli, uma FleeTech de gestão de frotas que utiliza Internet das Coisas (IoT) e Inteligência de Dados para descomplicar e potencializar a operação –, investir nos motoristas é investir no melhor relacionamento com seus clientes.
Também se referindo aos diversos recursos tecnológicos hoje disponíveis para o monitoramento de motoristas, Bruno Carvalho, diretor comercial e sócio da Avantia – considerada uma das líderes em tecnologia para segurança eletrônica – lembra que eles também servem para monitorar o comportamento do veículo e acompanhantes. “Hoje é possível identificar com Inteligência Artificial e análise inteligente de vídeo se o motorista está apresentando sinais de fadiga, gerando alarmes em tempo real para uma central de comando e controle, identificar uma arma dentro ou fora do veículo, identificar força G de arrancada e frenagem fora do padrão, ter um botão de pânico, fazer rastreamento da frota, obter uma comunicação bidirecional em tempo real, entre várias outras tecnologias que já estão elevando o nível de gestão do transporte no Brasil.”
À parte da tecnologia, Eduardo Canicoba, vice-presidente da Geotab para o Brasil – provedora global, líder em telemática – lembra que o gerenciamento de motoristas pode ser feito de diversas maneiras, com recursos manuais, como planilhas de controle de horário de trabalho e abastecimento de combustível, até sistemas mais robustos, capazes de identificar comportamentos dos condutores ao volante e informações importantes sobre a rota e a estrada.
“Na Geotab, trabalhamos com a tecnologia de telemática, que automatiza o monitoramento e a análise de dados gerados pelas frotas. Oferecemos um conjunto de ferramentas para o monitoramento de motoristas, que contemplam: cartão de pontuação de segurança do motorista; identificação de tempos de paradas inesperadas; horários precisos de chegadas e saídas; quilometragem percorrida na viagem; identificação do condutor; integração com câmeras; sistemas avançados para notificação e reconstrução de colisão; painéis de controle de conformidade; relatório de excesso de velocidade e violações do cinto de segurança”, diz Canicoba.
O monitoramento acontece a partir da instalação do dispositivo telemático GO9, da Geotab, no veículo, que coleta informações sobre o funcionamento do motor, consumo de combustível, comportamento do motorista, emissão de gases poluentes, entre outros, e atualiza esses dados em tempo real em uma plataforma conectada à nuvem. Essa visibilidade permite o controle e a automação de operações como o gerenciamento de motoristas. O sistema também pode ser integrado a câmeras, sensores de temperatura, por exemplo, e dispositivos de alertas, para acompanhar e notificar em tempo real situações de risco para o motorista e a carga.
“O futuro da telemetria estará voltado para a segurança. A novidade transita pelo uso de sofisticados algoritmos de grande complexidade, responsáveis pelas análises comportamentais e segurança que valorizam o desempenho dos motoristas.”
Ainda na visão de Fábio Acorci, diretor comercial Corporate da Ituran Brasil – multinacional israelense que oferece serviços para prevenção de roubo e furto de veículos e gestão de frotas, entre outros – a tecnologia permite definir, semana após semana, a utilização real do veículo, por meio de alertas de colisão em caso de acidente, de excesso de velocidade, curvas perigosas, frenagem, entre outros comportamentos de direção. “O sensor de fadiga emite alertas de sono, cigarro, celular e outros comportamentos que podem ser perigosos durante a direção dos veículos. O sistema ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), que durante o percurso escaneia a rota, calcula a distância e a velocidade dos veículos à frente com alertas de segurança para o condutor, que hoje são grandes aliados.”
A Omnilink – que oferece integração completa de soluções para gerenciamento de risco, gestão de frotas, rastreamento de veículos, telemetria avançada, iscas eletrônicas de cargas e câmeras embarcadas – também disponibiliza tecnologias capazes de acompanhar e gerir o comportamento e a segurança do motorista ao volante. “Uma delas é o Omnisafe, solução que utiliza câmeras embarcadas com sensores para detecção de cansaço e ações inseguras do motorista, como falar ao celular. Outra ferramenta é a Omnitelemetria, que identifica, através das informações geradas pelo próprio veículo, como ele está sendo conduzido, informando usos incorretos do freio e do acelerador, marcha lenta, variações anormais do tanque de combustível, riscos de tombamento e uma série de outros fatores que colocam em risco tanto o motorista, quanto a carga e o veículo. Importante citar ainda o Omnijornada, solução que mapeia a jornada de trabalho dos condutores segundo a lei 13.103/2015, se adaptando às regras de cada transportador”, relaciona Fabricio Fatuch, diretor comercial e de marketing da empresa.
No caso da Optalert – considerada pioneira e líder na detecção prévia de fadiga em trabalhadores em funções de alto risco – Raphael Fortes, gerente Global de Operações da empresa, também são oferecidas várias ferramentas para monitoramento de sonolência: ferramenta web de monitoramento em tempo real; serviço de SMS em situações de risco (nível elevado de sonolência de indivíduos); portal on demand para geração de relatórios e análises históricas, exibindo tendências e comparativos; e conexões de base de dados que permitem cruzar os dados de sonolência com dados operacionais de tecnologias terceiras.
“Nossos clientes conseguem ter a visibilidade dos seus pedidos através da nossa ferramenta de tracking, e nosso monitoramento também tem acesso ao acompanhamento em tempo real das nossas entregas, dando segurança e visibilidade aos nossos parceiros. Conseguimos ter a localização exata dos condutores, garantindo a segurança e a transparência aos nossos clientes.”
A explicação é de Jefferson Roberto Macedo, supervisor de operações, control tower e projetos de expansão Uello, logtech de entregas urbanas que tem como foco o uso de tecnologia para otimização e integração de recursos.
Objetivos e benefícios
Pelo exposto na questão anterior, já é possível inferir os objetivos e benefícios do monitoramento dos motoristas.
Neste contexto, Canicoba, da Geotab, destaca que o monitoramento dos motoristas busca melhorar a segurança, acompanhar a rotina, identificar problemas e oferecer soluções para casos de condução distraída e outros comportamentos de direção arriscados.
Como benefício, empresas e motoristas têm mais respaldo sobre suas responsabilidades e podem criar um ambiente de trabalho mais seguro. Esse controle também pode ser útil para implementar sistemas de pontuações, ranking e bonificação para os motoristas. Ou seja, o controle de jornada pode ajudar a proporcionar mais segurança nas estradas, reforça garantias jurídicas, otimiza procedimentos logísticos e melhora a relação de confiança entre condutor e empresa.
Além disso, o benefício mais importante da implantação de recursos telemáticos nas frotas é ajudar na diminuição dos acidentes, o que, consequentemente, impacta no salvamento de vidas – para isso, o uso da tecnologia no transporte frota é algo que se torna inestimável.
Mourad, da Cobli, por sua vez, ressalta que a tecnologia é o caminho para melhorar o relacionamento com o cliente, digitalizar o trabalho do motorista, reduzir custos e aumentar a segurança no trânsito.
O uso de soluções tecnológicas dá mais visibilidade para potencializar a operação, ajudando a evitar acidentes e, assim, diminuir o impacto deles nos custos da frota e aumentar a segurança do motorista. “Observamos, inclusive, casos de redução de até 50% no número de incidentes em empresas que adotaram a Cobli Cam.”
Acorci, da Ituran, também aponta que os objetivos e benefícios são principalmente na segurança do motorista, redução de custos e preocupação com pedestres. Com a análise comportamental do motorista, além de prevenir acidentes, há uma redução de custos de manutenção, aumento da segurança dos condutores e dos pedestres, além de proporcionar auxílio em casos de emergência.
“O principal benefício de uma gestão assertiva sobre os motoristas da operação é o aumento da segurança e a redução de acidentes. Estes dois fatores combinados trazem a redução de custos, o aumento da produtividade e a valorização da vida dos condutores”, completa Fatuch, da Omnilink.
Mais ainda, Fortes, da Optalert, revela que o monitoramento oferece uma camada superior de proteção ao motorista/operador de equipamento pesado. A responsabilidade de tomada de resposta não fica somente na mão do motorista, mas também com o profissional de monitoramento que garante a execução do procedimento de gestão de fadiga. “É comum motoristas excederem os limites, assumindo o seu próprio risco. Porém, com o monitoramento, esse risco adicional é mitigado.”
Realidade
No Brasil, ainda existe uma oportunidade enorme de crescimento de plataformas de inteligência. Segundo a Berg Insight Fleet Management, existem aproximadamente 11 milhões de veículos comerciais no país e 30 milhões na América Latina. A adoção em telemetria no Brasil é de apenas aproximadamente 20%, enquanto nos Estados Unidos é de aproximadamente 60%.
“O avanço da tecnologia para o segmento de frotas é indiscutível, mas ainda pouco aplicado pelas empresas – que optam em seguir com a gestão via planilhas de Excel e WhatsApp ou não exploram todo o potencial das funcionalidades a seu favor. Só que esse é um caminho sem volta para quem quer levar vantagem sobre os concorrentes.”
Ainda segundo Mourad, da Cobli, em sua análise sobre se o monitoramento de motoristas já pode ser considerado realidade no Brasil e o que falta, uma gestão eficiente e conectada da frota propicia economia e segurança. O processamento das informações evidencia os indicadores que precisam ser aprimorados e a estratégia que deve ser desenvolvida. Além disso, é fundamental para a redução dos riscos – tanto para pessoas quanto para marcas. De acordo com um estudo sobre telemetria com vídeo realizado pela Frost & Sullivan, a adoção combinada dessas tecnologias resultou em 60% de redução no número de colisões, 65% menos eventos envolvendo excesso de velocidade e 80% de redução de episódios de distração ao volante.
“O monitoramento dos motoristas já pode ser considerado uma realidade presente e disponível. O que falta é investimento por parte das grandes empresas de logística e transporte e considerar que com essa tecnologia é possível diminuir perdas, acidentes, comportamentos de riscos, podendo visualizar rapidamente um retorno sobre o investimento”, diz, agora, Carvalho, da Avantia.
Também avaliando que o monitoramento já é considerado um fator importante entre as empresas de transporte de carga, Canicoba, da Geotab, destaca que, no entanto, é possível melhorar essa realidade com o investimento em mais tecnologia. Sistemas de gestão conectados podem ajudar a automatizar essa tarefa e registrar dados mais confiáveis. Com o uso de tecnologia, os gestores podem ter insights além da jornada de trabalho e das entregas, acompanhando o desempenho dos veículos, uso de combustível, rotas percorridas, a fim de tornar a gestão mais eficiente.
Tendências
As tecnologias tendem a evoluir cada vez mais, aumentado a assertividade e acurácia, como também com custos menores. Em especial as tecnologias em nuvem terão maior espaço, integradas com aplicativos no celular, onde interagirão entre si fazendo um verdadeiro sincronismo de informações para tomadas de decisão em tempo real. Esta é a avaliação do diretor comercial e sócio da Avantia, falando sobre as tendências neste segmento.
A videotelemetria é a nova fronteira da gestão de frotas – diz Mourad, da Cobli. Em um país cuja frota de automóveis ultrapassa 107 milhões de unidades e onde 632 mil acidentes e 11 mil mortes no trânsito foram registradas em 2021, segundo o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Renaest), empregar tecnologias que auxiliam na condução e que fornecem a visibilidade do comportamento do motorista no trânsito ajuda a melhorar essa estatística, que impacta toda a sociedade.
Um dos desafios do setor está no investimento em tecnologias já existentes e não na criação de novas. A instalação de câmeras veiculares, por exemplo, não é recente, mas evoluiu para se tornar cada vez mais inteligente, integrada e acessível. Nos Estados Unidos já acontecem mais instalações de videotelemetria do que de sistemas mais básicos, como GPS e rastreadores. O Brasil está começando a jornada agora e irá colher muitos benefícios. A inteligência de dados também deve ser cada vez mais preditiva e importante na tomada de decisões para realocação de recursos e eficiência de custos. Ou seja, para melhorar o que sua operação já tem. Além disso, contribui para a identificação de padrões, previsão de demanda, apontamento de falhas, gargalos e ineficiências.
“O que vemos nessas novas tecnologias, principalmente IoT e ciência de dados, é que a sua adoção é inevitável, assim como foi o computador, e que o benefício se dará para quem conseguir adotar mais cedo e assim colher os benefícios por mais tempo”, completa o cofundador e presidente da Cobli.
Já Canicoba, da Geotab, destaca que a telemática veicular é a tecnologia mais avançada para a gestão de frotas e monitoramento de motoristas. De maneira geral, a maior diferença entre telemática e outras tecnologias veiculares, como a telemetria, por exemplo, está na capacidade adicional da telemática de efetuar a leitura dos dados dos veículos de forma mais completa e precisa, analisando, por exemplo, falhas do motor, detecção e reconstituição de acidentes, comportamentos de condução dos motoristas, entre tantas outras informações.
Além disso, a alta capacidade de uma plataforma telemática permite o processamento de bilhões de pontos de dados todos os dias, fazendo com que seja, assim, uma solução de Big Data.
“Entregar valor na gestão otimizando as informações, imagens e relatórios de forma rápida e online, se valendo de diferentes canais de comunicação e aplicações web, assim como a utilização de câmeras, sensores e algoritmos que conseguem identificar o cansaço e comportamentos perigosos ao volante mesmo com o uso de óculos de sol, por exemplo, ou com pouca iluminação.” Estas são as tendências apontadas por Fatuch, da Omnilink.
Para Fortes, da Optalert, estas são ditadas pelo fato de as empresas se preocuparem com a segurança e saúde dos colaboradores, assim como as consequências negativas quando ocorrem acidentes de trabalho – alguns exemplos são a má repercussão na mídia, impacto negativo no custo de seguros, indenizações, etc. “Por esse motivo, a tendência no mercado é a implementação de uma ferramenta de detecção de sonolência para operadores de frota móvel que inclui o monitoramento ativo dos motoristas. Apesar da tecnologia em si apresentar uma redução comprovada de mais de 60% no perfil de risco de acidentes relacionados à sonolência, com o monitoramento ativo o perfil de risco pode ser superior a 98%.”
E Macedo, da Uello, conclui esta questão ressaltando que “caminhamos para um monitoramento tecnológico, com a menor intervenção humana e mais automatização. No caso dos condutores, antes mesmo de efetuarem um acionamento com alguma ocorrência, dúvidas ou imprevistos que impactam diretamente na experiência da entrega dos nossos clientes, conseguimos nos anteciparmos com uma solução tecnológica ágil, resolutiva e eficaz”.
Privacidade
Por tudo o que foi colocado, fica uma dúvida: o monitoramento do motorista não interfere na questão da privacidade?
Na visão de Carvalho, da Avantia, não, haja vista que todas as imagens estão protegidas com as regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), são visões gerais com análise de vídeo dentro e fora do veículo que servem para segurança e preservação do próprio motorista e ocupantes do veículo. “Então, estabelecer regras transparentes onde o motorista tenha plena ciência do que está sendo previsto em projeto, e que esse alinhamento seja regulamentado entre a empresa e o colaborador é essencial para o sucesso do projeto.”
Vale destacar, também, que a Lei do Motorista (ou Lei 13.103/2015) exige o acompanhamento do comportamento dos condutores para comprovar que as regras na relação empregado x empregador estão sendo cumpridas. Da mesma forma, ela é responsável por garantir a integridade do condutor. “Assim, o monitoramento faz parte de uma política que visa a segurança e ajuda os gestores a proteger os ativos mais precisos da empresa: as pessoas – ou, no caso, os motoristas”, acrescenta Canicoba, da Geotab.
Todas as informações captadas pelos sistemas de câmeras, telemetria ou jornada ficam disponíveis apenas para os gestores da operação e focam diretamente no aumento da segurança e na preservação da vida do próprio condutor, também informa Fatuch, da Omnilink. O motorista é parte deste processo e está ciente das tecnologias embarcadas nos veículos.
Já o sistema Optalert não usa imagens pessoais para determinar os níveis de sonolência. “Na verdade, não são utilizadas informações pessoais que possam comprometer a integridade da privacidade do indivíduo. Sob a autorização do cliente e seus colaboradores, é possível identificar os motoristas por nome (completo ou parcial), matrícula ou turma/ grupo. Os acessos aos dados de sonolência são protegidos e controlados”, explica fortes.
“Respeitamos a privacidade de todos os dados compartilhados com os motoristas e tratamos com muito cuidado a questão do compartilhamento da informação. O monitoramento é uma ferramenta já pensada para a própria segurança do condutor, garantindo que o mesmo esteja bem amparado, seguro em suas entregas, não compartilhamos nenhum dado sensível dos clientes ou do próprio condutor. Não, o monitoramento não interfere na questão da privacidade!”, completa o supervisor de operações, control tower e projetos de expansão da Uello.
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