Especialistas discutem os desafios e as influências do setor
Com o avanço da tecnologia e a adesão à inteligência artificial, a segurança eletrônica é um dos segmentos com boas projeções de crescimento para os próximos anos. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor confirmou a estimativa prevista para 2022, alcançando um faturamento de R$ 11 bilhões, 18% a mais que no ano anterior.
Ainda de acordo com a Abese, a área da indústria responsável pelo desenvolvimento de softwares de videomonitoramento, controle de acesso, gestão de serviços operacionais, rastreamento, telemetria, entre outras tecnologias que possibilitam o funcionamento e integração das aplicações de segurança eletrônica, tende a apresentar crescimento de 25% em 2023.
Visando explorar diferentes perspectivas acerca das experiências e projeções para o setor de segurança eletrônica, a Avantia convidou os especialistas Ayres Rodrigues Simões, da Superbac, e Eduardo Rezende, do Mercado Livre, para compor o último bloco do Security Talks 2023. O evento, um dos mais relevantes deste segmento no Brasil, aconteceu em março, em São Paulo.
Durante painel mediado por Maurício Ciaccio, diretor da Avantia, Ayres, apontou o contexto pandêmico como um dos principais atores no desenvolvimento de novas tecnologias da área. “Nós tivemos que intensificar e rever conceitos de proteção da segurança da informação. Foi um desafio enorme, com pessoas trabalhando fora da planta da empresa, em lugares diversos. A tecnologia foi fundamental para a comunicação dos dados, configuração de VPN e expansão de banda, por exemplo.”
Segundo Maurício, um dos principais impactos gerados pela pandemia na área de segurança foi a demanda por velocidade no desenvolvimento e aplicação de tecnologias capazes de apoiar tomadas de decisões com rapidez e eficiência. “Tudo está acontecendo de um jeito muito mais dinâmico, os gestores precisam estar bem informados e antenados com o mercado, enquanto nós, que somos provedores, precisamos nos alinhar a essa expectativa”, comentou.
Os desafios da segurança eletrônica nas operações do e-commerce
Eduardo Resende, responsável pela área de fulfillment (gestão de pedidos)no Mercado Livre, chamou a atenção para o crescimento das operações durante a pandemia. “Nós saímos de duas para dez operações próprias em 2021, algumas com aproximadamente 4 mil pessoas trabalhando e parte do time em home office. Então, foi um desafio interessante repensar a segurança, toda a área de prevenção de perdas e, ainda, com a responsabilidade de elencar as pessoas certas para cada posição.”
O executivo compartilhou também os principais questionamentos vividos durante essa escalada: “O Mercado Livre está na América Latina inteira com discussões de expansão – considerando que se trata de uma empresa consoante em todas as frentes do trabalho remoto. Com isso, como eu faço a segurança? É preciso ser totalmente presencial ou existem funções na área onde é possível haver concessões e reaprender a trabalhar? Eu preciso de um profissional “no piso” ou de um gestor que saiba operar uma situação tecnológica? Os nossos desafios se concentram nessa linha, em investir em tecnologia e capacitação de pessoas”, disse.
Mudanças que vieram para ficar
Considerando a crise econômica proveniente do surto de coronavírus, empresas de diversos segmentos precisaram se reinventar para sobreviver. De acordo com a 33ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, divulgada pelo Centro de Tecnologia da Informação Aplicada (FGVCia) em maio de 2022, a transformação digital no Brasil em 2021 – um dos períodos mais críticos da pandemia – se compara a um avanço estimado para um intervalo de até quatro anos.
O novo cenário instaurado, além de aportar as inovações, trouxe mudanças que vieram para ficar. “A crise exigiu um profissionalismo maior das áreas, com as margens mais enxutas, foi preciso ter os custos das operações na palma da mão e sair da subjetividade. Saber quanto vale cada processo é essencial, e essa organização adquirida não vai embora”, afirma Eduardo.
“Como lição aprendida, fica o exercício de sempre imaginarmos o que poderá acontecer, para conseguimos prever e nos preparar para as condições adversas”, conclui Ayres.