O tema foi abordado durante o Security Talks, edição Recife, que trouxe especialistas da área de grandes empresas para compartilhar suas experiências e conhecimentos.
A prevenção de perdas desempenha um papel essencial nas organizações que buscam melhorar seus resultados operacionais e financeiros. Trata-se de uma área estratégica, que elabora e coloca em prática um conjunto de ações visando minimizar ou mitigar desperdícios, corrigir processos e melhorar procedimentos de forma a evitar qualquer tipo de perda, seja ela financeira, humana, de produtos, na qualidade, entre outras.
Especialistas falam sobre prevenção de perdas no Security Talks
A terceira e última edição presencial de 2024 do Security Talks foi realizada em Recife, capital pernambucana, no dia 09 de outubro. O evento já aconteceu também em Salvador, Bahia, em agosto, e em São Paulo, SP, em junho deste ano.
Uma das temáticas que movimentou o evento foi o painel “Prevenção de perdas e melhores processos”, que reuniu os profissionais André Pontes, gerente corporativo de Prevenção de Perdas da Home Center Ferreira Costa, Eder Cosmo, supervisor corporativo de Prevenção de Perdas da Indústrias Reunidas Raymundo da Fonte, e Marcos Barros, coordenador de Segurança e Facilities da Ypê.
Os pilares da prevenção de perdas são únicos, independente do tamanho ou ramo de uma organização: pessoas, processos, tecnologias, informações e indicadores. Porém, de acordo com o setor, o patamar de evolução desta área dentro das empresas pode ser bem diferente.
Marcos Barros destacou que a indústria ainda enfrenta dificuldades com a prevenção de perdas por uma questão cultural e de diversidade de processos industriais, que apresentam particularidades específicas conforme o setor de atuação. “Prevenção de perdas é muito mais do que acompanhar e evitar perdas de estoque. Especialmente na indústria, essa área está ligada a performance, produtividade, a retrabalhos em linhas de produção, prejuízos financeiros, entre diversos outros fatores que precisam ser acompanhados.”
O ambiente industrial oferece, no entanto, uma vantagem em relação a outros setores nos quais a prevenção de perdas é algo mais difundida – como é o caso do varejo. “Uma grande diferença da indústria para o varejo é que, na indústria, a questão processual, de rotinas e processos, é bem mais organizada. Percebemos um ambiente onde tudo é mais controlado e formalizado, enquanto no varejo o dinamismo é muito maior, dificultando, inclusive o planejamento para períodos mais longos”, ressaltou André Pontes.
Nas Indústrias Unidas Raymundo da Fonte, a prevenção de perdas já faz parte da estratégia do negócio há nove anos. Embora o desafio inicial de evoluir dos limites da segurança patrimonial para a amplitude da prevenção de perdas corporativas tenha sido grande, foram criados ao longo do tempo procedimentos e indicadores específicos para o ramo de atuação da Raymundo da Fonte. “Partimos do princípio de transformar uma área reativa em uma área preventiva, o que foi muito desafiador. Mas com a criação de processos específicos, com base na metodologia de prevenção de perdas, passamos a ser uma área estratégica, coletando e analisando dados para gerar conhecimento e, por meio desse conhecimento, reduzir as perdas do negócio”, enfatizou Eder Cosmo.
A área de prevenção de perdas deve atuar como um prestador interno de serviços, apoiando outras áreas – como auditoria, controladoria, produção, logística, entre outras -, fornecendo informações e, por meio delas, construir estratégias para contribuir com aumento da eficiência operacional e com a redução de custos.
Tecnologias dão suporte para a prevenção de perdas
Entre os pilares da prevenção de perdas está a tecnologia, um recurso que não pode ser visto como solução definitiva, mas possibilita uma interface com os demais pilares fornecendo informações e dados que ajudam na prevenção ou evitam a continuidade de não conformidades identificadas nos processos.
Na Raymundo da Fonte, um combo de ferramentas foi adotado ao longo dos anos para garantir a redução de perdas nas mais diversas áreas. Entre elas, Eder citou a central de monitoramento e controle, implantado em parceria com a Avantia, na matriz e em todas as filiais da empresa no Brasil. Além disso, contam com:
- Um projeto de CFTV para controle de acesso – incluindo tecnologia para leitura de placas de veículos;
- Câmeras térmicas, que atuam com a função de prevenir princípio de incêndio;
- Reconhecimento facial;
- Mapeamento periódico de áreas externas com drones.
Câmeras de monitoramento também são utilizadas para acompanhamento de processos, fundamentais para os procedimentos de auditoria de prevenção de perdas. “Nossa intenção é que a área fabril não pare, que a logística entregue todos os veículos previstos devidamente carregados para nossos clientes, que não tenhamos retorno de produtos e que, caso alguma não conformidade aconteça, a tecnologia nos ajudará a entender o que aconteceu, como aconteceu, porque aconteceu e quantas vezes aconteceu”, frisou Eder.
A tecnologia como suporte para evitar perdas em processos também foi citada por Marcos, coordenador de Segurança e Facilities da Ypê. Ele destacou que os recursos de inteligência artificial, quando agregados ao videomonitoramento, podem ampliar a aplicação do conceito de prevenção de perdas. “A gestão de processos pode evoluir muito com o monitoramento inteligente, seja na indústria ou em lojas físicas, especialmente aquelas que trabalham com procedimentos padronizados. Câmeras são capazes de acompanhar se os procedimentos estão sendo cumpridos, se os equipamentos de proteção individual estão sendo utilizados e da forma correta, se o posto de trabalho está sendo ocupado por uma pessoa treinada, entre outras entregas que a inteligência artificial pode fazer”.
Diversas áreas podem se beneficiar das informações geradas pelas tecnologias utilizadas, originalmente, para prevenção de perdas. Esse envolvimento multisetorial, agregando aspectos à aplicação das tecnologias, é um grande trunfo para a aprovação de projetos que irão não somente reduzir perdas, mas também entregar ganhos a outros departamentos das organizações. “Quando vemos a tecnologia como fonte de coleta de dados, percebemos que estas informações podem servir de subsídio para outras áreas, como marketing, comercial e outros departamentos que queiram melhorar sua produtividade. Esse conjunto maior de benefícios ajuda, inclusive, a viabilizar financeiramente os projetos”, salientou André.
Benefícios da prevenção de perdas
Organizações que implantam a área de prevenção de perdas têm muitos benefícios, como identificação e correção mais ágil de falhas, aumento de eficiência e produtividade em processos, mais segurança, maior qualidade em produtos e serviços, menos desperdícios e redução de custos. Como consequência, maior lucratividade para os negócios.
Eder citou um dos cases de sucesso que tiveram na Raymundo da Fonte com a implantação da área de prevenção de perdas. “Ao assumirmos a operação de gestão do inventário, conseguimos reduzir em aproximadamente 50% o custo com o efetivo necessário para a realização desse processo. Sem contar a redução com horas extras e perdas relativas à acuracidade, pois percebemos a necessidade de aumentar a frequência do procedimento do inventário para facilitar a identificação da causa raiz de alguns problemas e tratar a divergência rapidamente para evitar recorrência”, reforçou.
Há ainda benefícios entregues pela atividade de prevenção de perdas que não são facilmente mensuráveis, embora causem grande impacto positivo para a imagem, reputação, credibilidade e nível de confiança das organizações. “Um dos maiores benefícios que temos com a prevenção de perdas é o valor que agregamos ao negócio, seja na melhora da experiência de compra de um cliente, na segurança reforçada nas instalações ou na produtividade de uma operação”, destacou André.
Marcos abordou outro tópico que faz parte dos indicadores das áreas de prevenção de perdas em muitas empresas. “Quando falamos em prevenção de acidentes, por exemplo, como será medido o não acidente devido à identificação prévia do risco? Ou seja, um acidente, ou vários, podem ser mitigados por conta da prevenção, porém, isso não é facilmente contabilizado em uma planilha de custos”, concluiu.
O papel da prevenção de perdas em qualquer segmento deve atuar como um guarda-chuvas, resguardando desde o risco de danos à imagem da empresa, passando pela segurança, pelo financeiro – recuperando prejuízos ou atuando de forma evitar a recorrência de determinada perda monetária, entre outras áreas. Como suporte, deve contar com profissionais qualificados, com um olhar estratégico e crítico para os riscos, e utilizar a tecnologia como aliada para contribuir com o sucesso do negócio.
