Em entrevista para o jornal Valor Econômico, nosso diretor comercial, Bruno Carvalho fala sobre a importância da tecnologia da informação para o setor.
Depois do triste recorde de 2017, quando foram registrados 25.950 casos de roubo de carga no país, esse tipo de crime dá sinais de estabilização em um patamar mais baixo. Segundo levantamentos da Associação Nacional do Transpor- te de Cargas e Logística (NTC&Lo- gística), nos dois primeiros anos da década atual houve em média 14.275 ocorrências.
Apesar de o número ainda ser elevado e significar média diária de quase 40 casos, as estatísticas já refletem os pesados investimentos das empresas em prevenção e segurança.
Dependendo do valor carga, compensa empregar a mais moderna tecnologia de monitoramento, incluindo inteligência artificial, sensores e até drones, entre outros recursos, para acompanhar o transporte.
A busca por soluções tecnológicas que tragam mais segurança ao transporte de carga tem estimulado a contratação de empresas especializadas, que viraram aliadas fundamentais da cadeia logística.
Uma delas é a green4T, capaz de equipar caminhões com modernos recursos de internet das coisas (IoT) que, associados a datacenter, softwares de IA e sistemas de gestão integrada, permitem detectar qualquer movimentação suspeita e gerar respostas do seu centro de comando e controle. A unidade está sempre em conexão com os órgãos de segurança.
“Sensores nas cargas ou caminhões também permitem rastreá- los e não perder suas localizações. É possível usar telemetria para rastreamento de rotas e localização em tempo real por meio de GPS, o que já é largamente utilizado no mercado”, diz Márcio Martin, vice- presidente Latam da green4T.
A empresa tem como obstáculo o fato de os recursos de telecomunicações não terem a mesma eficiência em todos os lugares. Por isso, vale utilizar todo tipo de conexão: LoRaWAN (tecnologia de rede para grandes áreas), Bluetooth Low Energy (BLE), LTE (padrão de rede de comunicação móvel) e Zigbee (padrão de comunicação para IoT). Joyce Bessa, head de gestão estratégica, finanças e pessoas na TransJordano, também afirma que as “sombras” na conexão não são empecilho para o monitoramento e a tecnologia acabou zerando os roubos na sua frota.
Os caminhões da empresa levam quatro câmeras acopladas, ideia que surgiu como medida de prevenção contra acidentes e controle de qualidade, mas logo se mostrou útil contra roubos. Isso porque as imagens são analisadas por um sistema de inteligência artificial que alerta quando há qualquer falta de conformidade, como a aproximação de uma pessoa estranha ou desvio de rota. O equipamento permite reconhecimento facial de colaboradores.
“Fizemos um teste numa operação entre Santos e São Paulo, medimos os resultados e colocamos logo na frota toda. E não temos tido problema com o sinal. Se não há sinal de satélite, a câmera continua rodando e quando retoma a conexão o sistema lê todas as imagens.” O uso de softwares e o acesso a banco de dados permite às empresas identificarem em tempo real a aproximação de veículos suspeitos.
No sistema da Avantia, carros roubados ou com placas frias são logo reconhecidos e a central de operações recebe o alerta. Drones também auxiliam, por meio da varredura que fazem na rota dos caminhões, permitindo uma avaliação de risco até um km à frente. Esse recurso possibilita que o operador veja se há armadilha ou barreira, por exemplo.
“Um sistema dentro do veículo equivale a uma caixa preta, contendo uma série de informações, como a localização e qualquer movimento que apresente uma não conformidade, como uma freada brusca”, diz Bruno Carvalho, diretor comercial da Avantia.
Além de tecnologia da informação, o setor de logística tem recorrido a outras formas de inovação para se prevenir contra roubos. A Korsa está começando a energizar cargas mais caras e visadas. É um recurso que tende a ser eficaz até se a quadrilha pensar em trocar de veículo na ação. Também recorre a moto- links, que são motoqueiros disfarçados que seriam mais eficazes que as tradicionais escoltas. “Muitas vezes a escolta serve mais para chamar a atenção sobre o valor da carga”, ressalta James Theodoro, CEO da Korsa.
Como o crime tende a se sofisticar, as soluções de segurança também precisam evoluir. Empresa do grupo Michelin, a Sascar conta até com equipamento que evita que as quadrilhas interrompam a conexão com os caminhões usando bloqueadores de sinal. Outra novidade é o uso de sensores disfarçados no meio da carga, que permitem a localização mesmo após as ocorrências. Com isso, de uma média de 500 roubos por ano, ela consegue recuperar 92% do que é levado.
“A tecnologia é importante e precisamos de inovações constantes, mas a eficiência só é alcançada graças à agilidade e à pronta resposta. Contamos com uma rede de mais de 12 mil bases espalhadas pelo Brasil para o apoio”, ressalta Boanerges Neto, COO da Sascar.
(Imagem da matéria produzida pelo jornalista Michel Alecrim, do jornal Valor Econômico e publicada no dia 21 de dezembro de 2022)