Como integradores da área da segurança, lidamos constantemente com os gestores. Se você é um deles, vai querer ver e rever o episódio do Security Talks Online desta semana.
Recebemos o Carlos Faria, sócio diretor da CF&A – Consultoria em Segurança Privada, que compartilhou sua visão sobre o futuro do nosso setor.
A gestão da segurança é o ato de planejar, controlar e aprimorar um sistema de segurança, conceitualmente composto por processos + pessoas + meios técnicos (ativos e passivos), e alguns fatores influenciam nas tendências desta gestão, são estes:
- A globalização: A partir dos anos 80, tivemos um maior intercâmbio dos dados e informações entre nações e diferentes culturas, ocasionando uma diversidade cultural. Tivemos fácil acesso à grandes escolas, como Israel, Espanha, Inglaterra e EUA.
- A internet: Após os anos 90, começamos a ver o mundo em tempo real, o que foi um divisor de águas.
- Gestão da Qualidade: Iniciamos a lidar com um sistema de gestão de qualidade no Brasil a partir dos anos 90, apesar de ter sido criada por volta de 45 com as guerras. A partir deste momento, a gestão começa a se profissionalizar e passa a ser orientada a resultados.
- 4ª revolução industrial ou Industria 4.0: A partir de 2011 vivenciamos o maior salto tecnológico da humanidade, pautada em tecnologias: Computação na Nuvem, Internet das Coisas, Big Data, Manufatura Aditiva (impressoras 3D), Robótica, Inteligência Artificial, automação em termos gerais. Foi uma avalanche de alta tecnologia.
- Pandemia / Covid-19 – 2020: Vivenciamos hoje uma aceleração, uma mudança de mentalidade, o que nos guiou para pensar em ações de gerenciamento de crise. A pandemia pareceu um fator inusitado para toda a humanidade, mas analistas de riscos já anunciavam a possibilidade de um risco biológico.
No Brasil, temos mais de 19 milhões de empresas segundo o SEBRAE, sendo apenas 10% grandes e médias, com departamentos e serviços de segurança bem estruturados. Levando em consideração os 03 pilares de processos + pessoas + meios técnicos, as áreas de segurança podem se pautar nas principais tendências abaixo, para se tornarem estruturadas a ponto de alcançar excelência e sucesso:
- GESTÃO DE PROCESSOS
- SLA (Service Level Agreement): O acordo de níveis de serviços já é muito utilizado pelas organizações, mas não muito na segurança privada, onde ainda é muito restrito a contratos e serviços. É importante ter um SLA interno para avaliar o desempenho da gestão de vigilância.
- Auditoria de processos: Para validar o que está bom, corrigir o que está ruim, num ciclo de melhorias contínuas. Algumas empresas desenvolvem seu planejamento com base em normas ISO, que são um conjunto de normas que trazem mais robustez e sustentação e estruturas muito importantes. Para a Segurança Privada, estas são interessantes: norma 31000 (gestão de riscos), norma 22301 (continuidade do negócio), norma 28000 (segurança na cadeia Logística).
- A segurança da segurança: Como você está protegendo ativos, pessoas e processos de segurança? Em geral os sistemas de segurança estão inseguros, com salas de CFTV destrancadas, vigilantes sendo assediados e vulneráveis. Os sistemas de segurança são sabotados pelas vulnerabilidades.
- GESTÃO DE PESSOAS
- Gestão por competência – C.H.A (Conhecimento, Habilidade e Atitude: A importância de se formar uma equipe com estes diferentes perfis. O gestor precisa conhecer a competência, habilidade e atitude dos profissionais do seu grupo, mesmo em se tratando de um sistema terceirizado.
- Avaliação 360º: De gestores a vigilantes e porteiros, todos devem passar por uma avaliação do desempenho, que contribui para um time ainda melhor e integrado.
- Programas de Educação continuada: treinamentos para um time altamente capacitado. Hoje em dia, o gestor de segurança não mais só protege, mas contribui efetivamente para o negócio.
- GESTÃO DE MEIOS TÉCNICOS
- Inventário periódico dos ativos de segurança: É importante ter um mapa sobre tudo que se tem para a gestão de segurança, para o controle de manutenção, depreciação, obsolescência dos equipamentos.
- Security as a Service – SaaS: Para o sucesso da aquisição de sistemas de segurança como serviços, é preciso ter um alinhamento prévio sobre a aquisição de ativos + infraestrutura + serviços regidos por SLA, e os acordos de pagamentos mensais.
- Automação de processos: Inteligência Artificial, Analíticos de Vídeo, Assistente virtual. No setor da segurança privada, a automação e uso da tecnologia é cada vez mais latente.
Para que estas tendências virarem realidade, existem alguns desafios a se superar, como:
- Visão 360º da segurança dentro das organizações, trazendo benefícios para áreas como manutenção, limpeza, logística, transporte, governança, marketing, jurídico, recursos humanos, entre outras;
- Mudar o mindset e deixar de lado a visão de que a área seja commodity nas empresas;
- Enfrentar e aceitar mudanças, muitas vezes inevitáveis;
- Ter um modelo de gestão de segurança que permita a atuação de um gestor, sem que ele fique muito tempo com atividades operacionais;
- Fortalecer o mercado para juntos tentar melhorar com a legislação brasileira, um pouco complexa. Há um novo estatuto de segurança privada em trâmites no congresso há mais de 10 anos;
- Fortalecer o mercado para juntos tentar criar normatizações técnicas para segurança privada, como os exemplos das NRs em outros segmentos;
- Superar inseguranças jurídicas e econômicas nas relações comerciais;
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